Publicado em 14/07/2025
No último dia 8 de julho, o CRESS-MG reuniu assistentes sociais de todo o estado para debater um dos temas centrais da atualidade: a justiça ambiental como dimensão da justiça social. A atividade on-line, organizada pelas Comissões de Saúde e de Direitos Humanos do Conselho, ocorreu em consonância com a agenda proposta pelo Conjunto CFESS-CRESS para o 15 de Maio deste ano, que chama a categoria a refletir sobre os impactos da destruição ambiental e o papel do Serviço Social na defesa dos direitos coletivos.
O encontro teve contribuições de Thatiele Estevão, quilombola, assistente social e atual chefa do Departamento de Reparação e Promoção da Igualdade Racial de Mariana (MG), e do professor e arquiteto Tiago Lourenço, que atua em assessoria técnica a movimentos de luta por moradia. Ambos trouxeram reflexões sobre como crimes ambientais, como o rompimento da barragem em Mariana, afetam de forma desproporcional a comunidades negras, quilombolas e periféricas, que ainda enfrentam obstáculos para reconhecer e reparar seus direitos.
“É preciso garantir o acesso à informação e promover a participação ativa das comunidades nas decisões que impactam seus territórios”, pontuou Thatiele, ao denunciar casos de violações, como a construção de obras de infraestrutura em territórios sem o consentimento dos povos tradicionais.
A sua fala na live se articula com o alerta que ela mesma traz em um artigo recentemente publicado no Boletim Conexão Geraes, no qual questiona: “O que nós, enquanto categoria profissional, entendemos sobre os povos e comunidades tradicionais? Como o nosso fazer profissional tem contribuído com a efetivação dos seus direitos?”.
Arquitetura pensada para todas as pessoas
Já o arquiteto e ativista Tiago reforçou a importância de “humanizar o processo de reparação” e criticou a lógica de tratamento das vítimas como mercadorias. Ao abordar o papel da arquitetura como prática política, compartilhou experiências de mapeamento socioespacial e a participação comunitária no reassentamento das vítimas de Mariana. “É preciso reconhecer a memória dos territórios e construir alternativas a partir da escuta e do fortalecimento das redes de apoio”, defendeu.
A atividade também apontou caminhos para a atuação profissional das e dos assistentes sociais frente às desigualdades socioambientais. Foram destacados o mapeamento de públicos atendidos, o respeito às especificidades dos povos e comunidades tradicionais, a construção de redes de apoio e a luta por formação continuada.
Como reforçou Thatiele, “pensar em justiça climática para esses povos e comunidades é garantir o acesso aos direitos, bens e serviços, compreendendo os atravessamentos do racismo em suas diversas formas”. Esse compromisso é reiterado pelo tema do 15 de Maio de 2025 e reafirma a importância da atuação crítica da categoria nos territórios, na disputa por políticas públicas efetivas e na resistência frente a empreendimentos que violam direitos e modos de vida.
Em alta: leia conteúdos recentes sobre o tema
Para seguir refletindo sobre esse debate, acesse o novo Boletim Conexão Geraes, que também traz outras análises sobre direitos humanos, povos tradicionais, práticas profissionais e resistência coletiva.
Especial – Justiça Ambiental e Povos Indígenas
A cacica Célia Ãgohó, da Aldeia Katurãma, compartilha sua trajetória de resistência e reconstrução após o crime ambiental da Vale. A matéria aborda como justiça ambiental e direitos dos povos originários estão intrinsecamente conectados.
Racismo Ambiental e Comunidades Tradicionais
A assistente social Thatiele Monic Estevão analisa o avanço dos grandes empreendimentos sobre territórios tradicionais e denuncia como o racismo ambiental reforça a exclusão desses povos.
Mulheres e Justiça Ambiental: vozes do Rio São Francisco
Enedina Santos e Marinalva Mendes narram as lutas por território, sobrevivência e dignidade das mulheres ribeirinhas e quilombolas, confrontando o avanço da mineração e o silêncio do Estado.
A atuação de assistentes sociais frente às enchentes
A experiência em Ribeirão das Neves mostra como ações preventivas e articulação em rede podem reduzir danos causados por eventos climáticos extremos.
Cofi Responde – Ética e calamidades públicas
A Comissão de Orientação e Fiscalização (Cofi) detalha as bases legais e éticas da atuação profissional em contextos de calamidade, além de apresentar os dados da fiscalização no primeiro trimestre de 2025.
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