Assédio moral e requisições indevidas no cotidiano profissional são debatidas em evento presencial, em Uberlândia

Publicado em 17/07/2025

A precarização do trabalho e a desvalorização das políticas públicas seguem impondo desafios à atuação profissional de assistentes sociais. Para discutir duas expressivas formas de violação que atravessam o cotidiano da categoria, o CRESS-MG, por meio da Seccional Uberlândia e em parceria com o NAS Uberlândia, promoveu o debate “Assédio moral e requisições indevidas: enfrentamentos no cotidiano profissional das e dos assistentes sociais”.

O evento aconteceu no dia 30 de junho, e teve como pessoas convidadas, Denise Cunha, assistente social e assessora técnica do CRESS-MG, e o procurador do trabalho, Paulo Gonçalves Veloso. A diretora da Seccional, Lucila Zanelli, explica que a iniciativa surgiu a partir da escuta das demandas da categoria na região, especialmente através das reuniões do NAS Uberlândia, e ressaltou a complexidade do assédio moral frente ao atual contexto do trabalho.

“Com o cenário de precarização, flexibilização e desregulamentação do trabalho, está posto um grande desafio para o conjunto da classe trabalhadora, pois ele tensiona as disputas no mundo do trabalho, favorecendo práticas de assédio moral”, avalia. Ao mesmo tempo, ela reforça que “com mobilização e organização popular, temos alcançado marcos legais importantes que precisam ser defendidos, sem perdermos de vista a necessidade de fortalecimento coletivo para enfrentar essas questões”.

Sobre as requisições indevidas, a diretora chamou atenção para a necessidade de planejamento profissional como forma de resistência frente às investidas de descaracterização do Serviço Social enquanto profissão regulamentada pela Lei 8.662/1993 e regida pelo Código de Ética (1993). “A oportunidade do debate traz um fortalecimento da nossa apropriação do teor e o alcance das nossas normativas, para que tenhamos condições de acionar o CRESS de forma devida e assertiva, em casos de agravo contra a profissão e de violação das normativas.”

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A relação entre os dois temas

Presente na atividade, a profissional Aline Vieira, que atua no Creas Idoso e Pessoa com Deficiência em Uberlândia, observa que “assistentes sociais estão sempre atravessados pela correlação de forças que é inerente a nossos espaços sócio-ocupacionais, mas há muitas situações em que se rompe o respeito e a ética necessária para a nossa atuação e atendimento digno à população usuária dos serviços”.

Além de trazer elementos para identificar o assédio moral, a atividade mostrou que ambas as situações abordadas estão associadas, pondera a assistente social. “É adoecedor e violento se manifestar sobre o não cumprimento dessas demandas, seja pela conduta que se distancia dos preceitos éticos da profissão e que adota práticas que reforçam o conservadorismo, a fiscalização e o controle dos indivíduos e famílias, seja pelo frágil vínculo empregatício ou por temer a exposição”.

A iniciativa incentivou reflexões sobre os mecanismos de controle do trabalho, muitas vezes camuflados nas relações profissionais, e reforçou a importância da formação continuada e da articulação com os espaços de organização da categoria e com os sistemas de justiça, e integra um conjunto de ações da Seccional Uberlândia voltadas à escuta qualificada, à formação política e ética da categoria e ao fortalecimento dos instrumentos de proteção e valorização profissional.

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