
No livro "Ethos profissional, hegemonia possível?", da Ed. Unesp, é discutido até que ponto o ethos profissional do assistente social – ou seja, a dimensão moral e ética da atividade, e também o seu "estar no mundo" do ponto de vista social e cultural – conseguiu superar o conservadorismo que marcou durante décadas o projeto ético-político da categoria.
O autor, Leonildo Aparecido Reis Machado, mestre e doutorando em Serviço Social, indica na obra, que os três primeiros Códigos de Ética do Assistente Social – escritos ao longo do século 20 – acabariam por levar a categoria a "uma falsa consciência" do seu papel social, devido aos fundamentos enraizadamente conservadores dos textos. O quadro não seria modificado com a adoção do quarto Código de Ética, de 1986, que expressava um pensamento marxista, mas de cunho fortemente mecanicista.
No entanto, segundo ele, o próprio percurso sócio-histórico dos assistentes sociais na década de 1980 romperia com o conservadorismo, por meio do pensamento do marxista Antonio Gramsci. Na década seguinte um novo Código de Ética, que ainda está em vigor, juntamente com a regulamentação da profissão e com novas diretrizes curriculares, garantiria o predomínio deste projeto ético-político que afastava de vez a falsidade de consciência.
A hegemonia desse projeto, conquistado democraticamente pelos assistentes sociais, já estaria a exigir, contudo, maior vigilância contra o retorno das ideias conservadoras, que estariam se reinfiltrando tanto pelos pensamentos retrógrados já de muito conhecidos pela categoria, quanto pelas teses marxistas de cunho mecanicista. A superação do conservadorismo, portanto, não deveria ser considerada totalmente consolidada pelos assistentes sociais.